Alguém dizia que com a experiência, adquire-se uma visão transversal e completa da realidade, e na verdade, também eu subscrevo essa ideia.
No entanto, há quem confunda essa experiência com o desacreditar, a apatia, o “não vale a pena” e com o fim da esperança.
Cai-se no erro de ter a ideia de que tudo o que se tem, nada custou, e assume-se “os direitos” como algo adquirido, desconhecendo ou esquecendo (os tais experientes) o quanto custou para adquirir.
Em todas as componentes ou grupos sociais, quer seja nos direitos dos trabalhadores, das mulheres, entre outros, enquanto grupos outrora discriminados ou explorados, transparece a falsa imagem que as melhorias agora existentes, foram uma realidade sempre presente ou garantidas por entidades abstractas ou oriundas de algo sobrenatural.
Os mais atentos, lúcidos ou esclarecidos sabem bem o que custou, a História assim o diz… alguém saberá ou recordará que, o mundo foi sempre um conflito de interesses, entre indivíduos, grupos, classes, por motivo da essência humana e que a realidade actual, apesar das dificuldades, retrata melhorias notórias? E quem permitiu que essas melhorias fossem possíveis?
Quando alguém acusa uma Instituição de índole sindical, da falta de combatividade ou de resultados e apesar de eu próprio subscrever essa ideia, questiono se o contexto social, profissional, ou outro, estará em sintonia com o contexto de outrora? É preciso não esquecer que, no século XXI a realidade do mundo, do País, da sociedade, das relações humanas, profissionais e sociais é uma realidade assente em factores competitivos, banais, imediatos, onde impera um sistema económico hedonista, injusto e um sistema social menos colectivo e cada vez mais individualista.
Esta realidade dificulta a mudança e o combate pela manutenção de melhorias a todos os níveis, sendo necessário perceber que, a grande inércia é na maioria das vezes criada por aqueles que na qualidade de “lesados” ou injustiçados preferem sentar-se, observando e aguardando que alguém os defenda, comportamento esse, quase sempre acompanhado da constante crítica!
Ora por culpa da crise internacional, ora por culpa da crise cultural nacional, essa cada vez mais evidente, vai-se aos poucos assistindo à perda de direitos profissionais e sociais, que a tantos custou, por lutarem, contestarem e sacrificarem.
No presente, com a falta de cultura cívica, com a falta de predisposição para intervir em contextos reivindicativos ou de mera cidadania, com a inconsciência e imaturidade profissional ou social, com o desconhecimento pela história, com a apatia e indiferença, aliado a um sistema cada vez mais liberal e um constante atentado aos direitos que tanto custaram a quem lutou, vai-se assistindo a uma perda gradual, em última análise da constante exploração do homem pelo homem.
A esperança, a consciência cívica, a defesa e intervenção por direitos adquiridos e que tanto custaram, devem ser uma constante, mas para tal, é necessário inverter politicas e comportamentos sociais.
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