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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Demasiada esperança ?

Será que o mundo entrou numa nova era?
A questão é pertinente e surge da eleição do Senador Obama para a presidência dos EUA.
No inicio da campanha e com o seu auge, passando pela luta partidária, onde Obama competia com Hillary Clinton até ao confronto com o republicano McCain, foi possível constatar a dinâmica de Obama, com realce para o seu poder de imagem, retórica, capacidade de envolvimento de massas até ao apoio económico, normalmente mais vistoso nos republicanos.
Outra perspectiva passa pelo facto da sua visão do mundo, suas raizes e sensibilidade.`
Até à sua vitória, principalmente pela sua cor de pele, criou em todo o mundo, uma expectativa e esperança de que todos os problemas se iriam resolver, expectativas essas legitimas tendo em referência os oito anos de uma era Bush, marcadamente conflituosa e unilateralista.
Contudo, após a formação da sua equipa, com a tentativa de agradar às várias tendências politicas dos EUA, demonstrou afinal que os destinos da maior potência mundial não dependem da cor, bondade e sensibilidade de um homem só. Acredito que, Obama pretenda solucionar as más politicas tomadas, quer no âmbito interno, quer no âmbito externo, no entanto, vislumbro maiores resultados no âmbito interno, desde logo, porque, o mundo durante estes últimos oito anos sofreu alterações profundas no jogo geopolitico e interesses estratégicos, para além do crescendo ódio "aos americanos".
Não quero dizer com isto, que os desafios internos sejam relativamente fáceis de resolver, certamente que não serão, a crise financeira, que facilmente passará a social, o desemprego, as desigualdades, a especulação bolsista e as dificuldades das empresas que "ameaçam" fechar, são certamente problemas de difícil solução.
Quero apenas realçar que, dado o papel que os EUA desempenham no mundo, estatuto esse adquirido ou permitido, as barreiras a ultrapassar na vertente externa, do meu ponto de vista serão muito mais complicadas e muito mais avaliadas.
Neste pressuposto e fazendo ligação à constituição da sua equipa governamental, bem como às expectativas criadas antes do conhecimento desses rostos, pressumo que muita gente tenha recuado na sua esperança.
Nomes como Clinton, Biden entre outros representam tudo menos renovação, muito mais em cargos de destaque numa qualquer administração, para não referir as ligações e opções politicas.
O que pretendo vincar é que a imagem transmitida em todo o processo eleitoral pelo Senador Obama, é um pouco contrariada pela imagem retratada pela constituição da sua equipa, tanto na vertente de renovação, como na vertente de visão e bondade.
A posição a tomar em cenários como o Iraque, Afeganistão, relacionamento com Irão, Cuba, Venezuela, competição com Rússia, China, contributo para o conflito israelo-palestiniano, solução para Guantánamo, são incógnitas que ajudam a decifrar algumas incompatibilidades entre a vontade, bondade e visão de Obama e as opções conhecidas de Clinton, entre outros.
Não creio que a formação da equipa de Obama, tenha tido como factores inocência ou falta de conhecimento, certamente não terá, contudo, presumo uma dificuldade, no que concerne à concertação de esforços para uma posição única a tomar.

Apesar destas considerações, aguardo que este homem, que conseguiu colocar milhões a manifestarem-se, milhões a acreditar, seja a solução, pelo menos, para uma visão multilateralista do mundo, nova abordagem na questão do ambiente, com respeito pelos tratados, instituições e organismos internacionais, com base no diálogo e respeito pelas outras culturas, começando já pelo encerramento da prisão "Ocidental" de Guantánamo, que mais não é, que uma falta de moral e legitimidade para qualquer critica que se faça aos "não ocidentais".

yes, we can

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