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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Será só desmotivação??

É corrente o argumento da falta de motivação, para justificar algum comportamento menos dinâmico ou falta de espírito de iniciativa, no entanto, este argumento, apesar de verdadeiro, servirá também para encobrir um alastrar de falta de profissionalismo e apatia que já transcende apenas a realidade profissional.

Grassa, não me atrevo a generalizar, um comportamento desligado de princípios e responsabilidade profissional, que só justifico com um declínio de qualidade e falta de rigor no recrutamento e selecção.

É imperiosa a alteração de comportamentos, sob pena de se perder credibilidade e consequentemente poder reivindicativo, que terão de andar de mãos dadas.

As penalizações e recuos no âmbito da condição sócio-profissional, sistema remuneratório e direitos, não poderão ter como consequência ou como instrumento de combate, mudanças negativas de comportamentos profissionais.

É também com alguma inocência ou má estratégia, que se usa o argumento da quebra de qualidade de serviço prestado, pela desmotivação associada à perda de direitos, como se, o serviço prestado e sua qualidade fossem influenciados só por esses factores, ideia com a qual não me identifico, desde logo porque, com coerência, também critico que o serviço policial não deverá ser quantitativo nem deve avaliado como tal, partindo de pressupostos contabilísticos.

Corre-se o risco da utilização desta verdade (desmotivação), servir para proteger, quem não merece, porque dever-se-à exigir profissionalismo no desempenho de funções e reivindicar sempre que necessário.
Não se confunda tudo e não se deixe, que os maus profissionais sejam beneficiados numa qualquer defesa cega, quando sempre foram maus profissionais…

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Tudo ao contrário...

"A PSP tem por missão assegurar a legalidade democrática, garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos, nos termos da Constituição e da lei."

Esta frase lida de uma forma simplista, desligada de conhecimento e experiência, é de um romantismo extraordinário, mas não passa de um slogan...

Como pode uma Instituição assegurar legalidade e garantir direitos aos cidadãos, se os atropela a quem pode e os deve garantir...

A PSP diariamente comete ilegalidades, que afectam os seus profissionais, quase sempre com o pretexto de necessidade imperiosa de serviço!
Fá-lo ao nível de horários, fá-lo ao nível de férias, fá-lo ao nível de garantias consagradas na Lei e sempre adulteradas e anuladas por normas e regulamentos internos, quase sempre deturpando a pirâmide jurídica.
Mais grave é que esta realidade torna-se cada vez mais, como algo natural, adquirido, imbuída num espírito quase cultural e histórico, fazendo do ponto de vista jurídico o chamado "costume".

Este panorama apenas traduz uma Instituição conservadora, que não se adaptou aos modelos de desenvolvimento, sem estratégia, afectada por uma postura política economicista, descapitalizando os seus profissionais e infringindo leis para, ao abrigo dos interesses imperiosos do serviço (chavão que até hoje desconheço o seu fundamento), ir subvertendo as regras, sempre atentando contra os direitos dos profissionais de polícia.

Ao nível de direitos profissionais, higiene e segurança no trabalho, estatuto profissional, horários de trabalho, estatuto trabalhador-estudante, marcação de férias, entre outros, impera uma irresponsabilidade dos gestores, com evidentes consequências para os profissionais.

Sabemos que a realidade do país a isso ajuda, culturalmente somos o que somos, e as Instituições, mesmo aquelas que deveriam dar o exemplo, seguem as normas sociais e culturais, no entanto, os profissionais da PSP devem tudo fazer para contrariar essas ilegalidades, contestando e reivindicando o respeito pela sua condição...