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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Já alguém dizia, no dia em que o meu filho não tiver que comer, vou roubar

As recentes declarações do Sr. Procurador-Geral da República, sobre a sua preocupação relativa ao ano de 2009, no tocante à insegurança e aumento da violência em Portugal, fazem na minha opinião, todo o sentido.
Os factores levantados para esse receio, passam pelo desemprego e pela exclusão social, factores esses que, a par de outros, de componente social, são geradores de insegurança.
É aí que, na minha opinião, se inicia o processo de passagem de sinais económico/sociais, para sinais de insegurança, esta fronteira por vezes ignorada, mas ténue e de clara explicação está gradualmente a fazer-se sentir em Portugal.
A actual crise que se reflecte na sociedade, as constantes políticas erradas, no plano da economia, do emprego, a errada distribuição da riqueza, a "politica de salvação banqueira", o ataque ao sector e funcionários públicos, o paradoxo "socialismo neo-capitalista", a especulação financeira, a errada politica fiscal, a par do aumento do preço de bens e serviços, da indefinição dos postos de trabalho, no fundo, as injustiças sociais são geradoras de revolta e potenciam convulsões sociais.
A História tem evidenciado casos que reflectem o que refiro.
Os recentes episódios na Grécia, que levianamente são explicados pelo facto de um polícia ter tirado a vida a um jovem, poderão explicar o facto de as autoridades policiais serem chamadas a resolver uma questão que más politicas sociais criaram.
É óbvio que o crime estará sempre presente nas sociedades, desde logo, pela essência humana e pela difícil implementação do utópico paraíso de Thomas More, contudo, uma aposta correcta no plano da educação, saúde, justiça, com politicas imbuídas de igualdade, solidariedade e correcta distribuição da riqueza, ajudarão a diminuir o sentimento de revolta social e a prevenir o tal aumento da violência e da criminalidade.
Não, não é uma Utopia...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A Esquerda em Portugal

Após os episódios recentes de uma novela que vem evidenciando um gradual desenvolvimento, refiro-me ao comportamento do deputado Manuel Alegre no seio do Partido Socialista, importa realçar, não tanto esse comportamento, pois tal é completamente compreensível, basta ler nos livros "capítulo Socialismo", mas importa sim, observar toda esta movimentação da chamada "esquerda" com renovadores, Manuel Alegre e Bloco de Esquerda.

Esta leitura tem interesse não pelos intervenientes, mas pelos ausentes, ou seja, o PCP.

Se porventura o interesse desta Plataforma é a criação de um espaço de debate, de cidadania, de convergência ideológica, como habilmente Manuel Alegre faz passar, até se compreende, é mais um, e vale o que vale... Mas tenho dúvidas, primeiro porque, tal situação não criaria, em termos práticos qualquer problema ao PS, em segundo lugar, porque não vai ao encontro do tom "ameaçador" de Manuel Alegre e em terceiro lugar, porque está evidente o interesse eleitoral do Bloco de Esquerda.

Vislumbro uma tentativa de criação de uma nova força politica, no panorama politico nacional, para já, porque Manuel Alegre já clarificou a sua posição, caso o PS se aproxime do PSD/CDS nas próximas eleições, também pelo crescendo do BE em termos eleitorais e sua sede de poder e pela posição ou desenquadramento dos renovadores nesse panorama.
Considero que, Manuel Alegre terá alguns seguidores no PS, conhecida que é a ala esquerdista, e tal sucessão de acontecimentos pode criar uma nova dinâmica na politica nacional, pelo menos no enfraquecimento do PS.

Apesar destas meras suposições, e lembrando-me do terceiro maior partido, com toda a sua "logistica" de rua, desensor claro do típico eleitorado de esquerda, com o papel que desempenha no meio sindical, reivindicativo e na defesa dos mais pobres, duvido do sucesso eleitoral desse entendimento à esquerda, sem o PCP.
Desde logo, porque a estrutura "PCP" já faz parte da sociedade, não só em termos eleitorais, enquanto partido politico que se apresenta a eleições, mas porque ultrapassa essa conotação, os eleitores PCP são mais do que meros votantes, existe uma essência que transcende o voto, é já uma forma de estar, daí a força do PCP, que o torna o terceiro partido em Portugal, com um papel relevante na sociedade e demonstrativo de uma esquerda que não se deve ignorar.
Posto isto, também não me parece que, BE, renovadores e Manuel Alegre se revejam na linha PCP para qualquer plataforma de entendimento eleitoral, desde logo, no tocante ao BE é clara a diferença com o PCP em termos ideológicos e forma de estar e de fazer política, relativamente ao renovadores, é óbvio o afastamento, incompreensível seria a aproximação, com Manuel Alegre impossível...

Admito sim acordos pontuais em matérias nacionais, tais como, combate à corrupção, valores de Abril, combate ao imperativo economicista à direita, matérias do foro social/cultural, mas apenas isso.

Qualquer entendimento eleitoral à esquerda que exclua o PCP, do meu ponto de vista não faz qualquer sentido, mas também, se porventura viesse a ser construido, presumo que caíria mais cedo ou mais tarde...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Será Socialismo

O poder politico actual que governa Portugal, tem praticado medidas que, após várias tentativas de raciocinio desligado de ideologia e abstraindo-me de tendências e simpatias politicas, não consigo entender.
A crise financeira que se faz sentir, fruto de um sistema injusto e não da falta da supervisão desse mesmo sistema, como alguns entendem, dá para tudo...
Como posso admitir correcta e de bom-senso uma medida que passa pelo apoio estatal ao BPP (banco de fortunas), inicialmente de um valor, posteriormente multiplicado por 10, mesmo quando informam que o Estado vai ficar com um valor superior a longo prazo e que vão ser outros bancos a suportar. A questão para mim não passa pelo método, mas sim pela visão do governo em relação a estas questões, desde logo, porque já se assistiu a tantos problemas em sectores da indústria, empresas que deixaram centenas de familias na penúria, pequenos e médios empresários com dificuldades, funcionários públicos "esganados" e quando se trata de banqueiros milionários e muitos deles de seriedade duvidosa, o Estado alega tratar-se de um problema nacional e toca a ajudar ao revés de em muitos casos responsabilizar e penalizar.
Este socialismo "democrático e moderno" é no minimo ingrato e suscita revolta.
Já não me refiro ao fosso entre pobres e ricos, ao desemprego, à qualidade do emprego, ao custo de vida, à dificuldade de pequenos e médios empresários, às taxas de juro, ao preço dos combustíveis, à afronta aos funcionários públicos, etc, mas refiro-me a este caso concreto de apoio aos bancos (principalmente BPP), os quais durante anos enriqueceram os seus responsáveis, criaram o problema e por fim são auxiliados pelo governo do "partido socialista".

Policia à Portuguesa

Após uma leitura completa e atenta do livro "Polícia à Portuguesa" pude constatar, para além da pobreza de escrita e da banalidade intelectual, que o seu conteúdo também não tem muito para oferecer.
Desde logo, porque é clara a intenção de tal obra, ou seja, caderno reivindicativo em forma de livro "compêndio". Mas assente em informações "episódios e relatos" exageradas, exarcebadas e com conotações politicas, complexas e contraditórias. Pretende criticar o maior Sindicato da PSP, mas de uma forma, que à luz da inteligência e da história não corresponde em nada à realidade.
Qualquer indivíduo que tenha um pouco de interesse nas questões de sindicalismo, politica e movimentações politico-sindicais, principalmente pós-25 de Abril de 74, sabe bem reconhecer quais os apoios, intenções, bastidores, conexões politica-sindicatos, etc, não se pode é reduzir e simplificar a questão ao relatado nesse livro, até porque é um atropelo histórico, tendencioso, tendo como referência o comum e putativo leitor "Agente da PSP".
Uma referência também ao contributo (?) do Presidente do SPP nesse livro, quando se refere ao inicio do SPP, seu afastamento da ASPP/PSP, etc, a minha opinião neste ponto é a de que não consegui entender as suas explicações, sobre esse afastamento e sobre a a ideia que quer passar acerca da ligação ASPP/PSP e o PCP.
A ASPP/PSP teve e tem um papel preponderante no sindicalismo policial, certamente com apoios e tentativas contrárias, contudo, mantém uma equidistância e independência que lhe permite percorrer o seu caminho.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Juventude

Já alguém dizia…estranha forma de vida

Nasci em 1977, portanto sou um jovem, não me considero um conservador, na perspectiva de modos de vida social, cultural.

Considero-me sim um observador nato, por vezes perco-me nas observações e dá-me para fazer estas considerações…

Quero com esta introdução referir-me aos jovens da nossa sociedade, mais especificamente aos adolescentes, que rondam a casa dos 14 aos 18 anos de idade.

Depois de um conjunto de observações, nestes últimos seis meses, apeteceu-me passar para o papel, a percepção com que fiquei destes futuros responsáveis pelos destinos de uma qualquer casa, de uma empresa, de um país…de um mundo.

Quem os queira ver, é parar á entrada de um qualquer Shopping, mais frequente no EL (como carinhosamente os jovens designam esse grande grupo espanhol). *


O que mais me preocupa não serão tanto as vestes, com que evidenciam um estilo próprio e difícil de compreender, não me refiro apenas às calças que apenas chegam ao meio da coxa, “normalmente com boxers escuros”, ora raspando no chão com sapatilhas de bailarina, ora literalmente introduzidas nas botas, de salientar a aversão ao serviço militar obrigatório, nem tão pouco aos grandes cabelos, que orgulhosamente (des) penteiam para a frente dos olhos.

Quem queira confirmar o que estou a dizer, é parar junto à entrada do EL, para ver grupos de jovens, facilmente identificáveis, retrato apenas três características (não esquecer as vestes); telemóvel na mão e escrever sms`s com uma rapidez arrepiante, discursos tão vazios de conteúdo, onde apenas se extrai a palavra “tipo”, (normalmente numa frase com dez palavras, o “tipo” aparece onze vezes) e o cigarrinho que fumam, sempre com o olhar atento em todas as direcções.

O que me preocupa verdadeiramente é a imaturidade e desfasamento realístico do mundo e das dificuldades.
Estes jovens evidenciam comportamentos vazios de valores como a cidadania, solidariedade, respeito.
O desinteresse cultural, jornalístico, político, a banalidade, a aparência, as séries moranguitos e similares são uma constante, aliado ao distanciamento familiar, ao papel da escola, ao desinteresse dos responsáveis, enfim uma panóplia explosiva.

Numa das minhas últimas observações, a um grupo de cinco jovens, três meninas e dois jovens do sexo oposto, uma das meninas conversava com alguém através do seu telemóvel, onde durante cerca de quinze minutos, falou de…nada, com a utilização abusiva do termo “tipo”. Outra menina contava uma peripécia da qual tinha tido uma intervenção directa, ou seja, vangloriava-se de ter sido expulsa de uma aula, enquanto os seus colegas comentavam “foi bué fixe”, “tava a ver que ias f… a velha”.
Durante este enriquecedor diálogo, encontravam-se presentes os tais cigarros, msg`s, termos ordinários, berros doentios e desrespeito total pelos mais idosos, enfim…

Volto a repetir, nasci em 1977 e não me considero conservador, mas…estou preocupado, tipo, com isto, tas a ver, tipo, prontos, tipo, tá-se, ups ! Será que?...

Desabafos

Este é o meu blogue, aqui vou aproveitar para transmitir o que me vai na alma.