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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Carta de desânimo

Sr. Primeiro-Ministro
Sr. Ministro de Estado e das Finanças
Sr. Ministro da Administração Interna
Exmo.(s). Senhor(es).
Na qualidade de cidadão português e na qualidade de profissional que pertence aos quadros da Polícia de Segurança Pública, nobre instituição centenária, garante da segurança de pessoas e bens e um dos pilares da democracia e do estado de direito;
Venho por esta via, dirigir-me a V/Ex.ª, dada a realidade política, social e a minha condição sócio-profissional que atingiram proporções inimagináveis.
Sou agente da Polícia de Segurança Pública desde 2000, entrei para esta instituição com espírito de dever e desde dessa data, desenvolvo as minhas funções com profissionalismo e dedicação. Mas também entrei com uma legítima perspectiva de carreira e de estatuto profissional.
Desde a data que me encontro na instituição P.S.P, passaram vários governos, vários ministros, vários responsáveis, aplicaram-se vários modelos, várias políticas, várias alterações, mas todas com um denominador comum, reflexos negativos do ponto de vista profissional e consequentemente reflectidos no aspecto motivacional, o que aliado às políticas gerais, provocaram também reflexos em termos sociais.
Durante os onze anos que me ligam à instituição P.S.P, investi num curso superior, em diversas formações internas e externas, para valorização pessoal, mas também profissional.
Estes onze anos que me ligam à P.S.P ficam marcados por congelamentos, por cortes, por limitações, por alterações de regras, com a implementação de regras penalizadoras, em promoções e progressões, que culminou numa perspectiva de carreira totalmente gorada.
Neste mesmo período, as condições de trabalho pioraram, em instalações, em meios, em viaturas, em higiene e segurança no trabalho que nesta instituição nem tão pouco existe.
Encontro-me inserido numa instituição onde o mérito não é valorizado, onde a dedicação não é reconhecida, onde a formação de nada serve, onde as qualidades não são aproveitadas, onde não existe um modelo uniforme de trabalho, onde as leis não são cumpridas, onde impera a teoria da superioridade “artificial”, onde a comunicação interna é adulterada, onde os níveis de responsabilidade são aplicados desproporcionalmente, onde os regulamentos são aplicados mediante pessoas ou interesses, onde ninguém assume responsabilidades, onde não há “líderes”.
A P.S.P é uma instituição sem estratégia, sem uma visão de futuro, que vive apenas o dia-a-dia, é uma instituição desprovida de camaradagem, refém do poder político.
Direi ainda que é o reflexo da sociedade portuguesa ao momento.
Nestes onze anos, vi as exigências de serviço aumentarem, vi a prática do crime mais sofisticada e perigosa, vi uma desvalorização da minha profissão, vi um poder judicial que demonstra não conhecer o trabalho operacional, vi governos que encaram a segurança interna com objectivos meramente produtivos, criando modelos de repressão rodoviária, com intuitos contra-ordenacionais.
Nestes onze anos, vi o custo de vida aumentar, vi para os polícias e pessoas que vivem do rendimento de trabalho, cortes e mais cortes, vi sectores da sociedade com aumentos brutais de lucros e rendimentos, vi injustiças sociais e sacrifícios muito mal distribuídos.
Em termos profissionais e pessoais, constato que o actual governo, prossegue com a mesma prática política, os mesmos modelos de sempre, inclusive anulando um estatuto profissional e o seu conteúdo por razões orçamentais, congelando uma vez mais o meu ordenado, congelando possíveis concursos, colocando-me estagnado e barrado em termos de carreira, onde me encontro desde 2005, retirando metade do subsídio de natal, retirando-me percentagens no meu ordenado e suplementos.
Por tudo isto, demonstro respeitosamente, a minha profunda desilusão, desânimo e desmotivação, por ter sido mal tratado pelos sucessivos governos do meu país e por continuar a ser.
Respeitosamente.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A hipocrisia do sistema...

Surgem agora apelos dos milionários, no sentido da sua vontade e predisposição para ajudar e contribuir para a crise !!!

Warren Buffett "multimilionário americano" pede aos politicos para deixarem de mimar os ricos,

Milionários franceses admitem imposto especial sobre grandes fortunas.

Em Portugal, após essa abordagem, os mais ricos admitem ajudar também o combate à crise...

No entanto, Américo Amorim "o homem mais rico do país" com uma fortuna a rondar os dois mil milhões de euros, sobre esta situação diz, "nada dizer,por não se considerar rico, mas sim um trabalhador"...

O sistema capitalista causador do colapso no mundo, na europa e em Portugal, motivo das mais graves injustiças sociais, de opulência versus fome, extravagãncia versus baixos salários, especulação versus desemprego, vem agora demonstrar toda a sua hipocrisia e demagogia, com aqueles que durante anos exploraram, virem agora solidariamente ajudar simbolicamente algo que eles causaram...

Em Portugal, tantas propostas já apresentadas e chumbadas, tantas oportunidades desperdiçadas,no sentido de se atenuar este desnível social...

Agora que os capitalistas bondosos tiveram um "vipe" solidário, vamos ver o sentido de voto, nas propostas apresentadas por dois partidos politicos, relativas ao imposto extraordinário sobre as maiores riquezas...

Querem a resposta ???