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terça-feira, 8 de março de 2011

Ficarão parados?

A juventude está na rua...e nós?

Um grupo de jovens aproveitou uma ação partidária de Sócrates, para demonstrar a sua indignação sobre a situação que assola aquela franja da sociedade, no que toca à situação de (des)emprego.
Prontamente foram colocados no exterior, certamente com uns "caldos", próprios dessas situações e praticados pelos homens da segurança que defendem até às últimas o seu "Boss"...
Este pequeno grupo de jovens fez mossa, conseguiu enervar um pouco Sócrates e passar os poucos segundos da sua ação, em vários órgãos de comunicação social, levando o nosso "primeiro" a dizer que seria uma brincadeira de carnaval.

Sr. Engenheiro, não foi brincadeira, foi uma ação atrevida e de louvar, por um grupo de jovens que vê o seu futuro muito escuro, dada a sua condição face ao emprego e à vida que legitimamente quer construir.

Pena minha que, alguns outros setores da sociedade andem a dormir, impávidos e serenos por uma realidade que ainda não constataram, por um futuro que se espera negro, dado que, a ação política e governativa dos últimos anos tem levado o nosso país a uma situação de atraso, atraso e atraso.

Podem dizer que nos últimos anos houve desenvolvimento (estradas, shoppings, estádios de futebol, escolas, etc), no entanto, a minha opinião não passa por anular esta ideia, mas sim, questionar se as opções foram as devidas, questiono o investimento nas pessoas, sua educação, sua formação, capacidade de investir na pessoa, para assim, se poder produzir, ter capacidade de assumir riscos, de incutir responsabilidade e preparar para cenários menos bons e assumir desafios.

Este caminho na minha perspetiva seria o correto, pois prepararia um país, para produzir, para valorizar o trabalho, para não se encontrar dependente e não viver endividado, por não ter pessoas mal-educadas, enquanto seres sociais, para ter trabalhadores e empresários bem formados, para ter pessoas com visão moderna e responsável, requisitos básicos para uma justa distribuição da riqueza produzida, solidariedade social e aproximação de classes.

Mas não, escolheu-se outro caminho, o caminho da imagem, da modernidade, da falta de conteúdo, do “chico-esperto”, do salve-se quem puder, do subsidio, do facilitismo…
E quem será responsável por esta opção? será o povo? mas o povo não foi educado… não foi preparado, foi secundarizado… como se pretende que o povo faça uma escolha dos seus governantes que seja equilibrada e lúcida, quando o povo não está munido da informação e formação necessária?

Os responsáveis políticos destes últimos trinta anos, que têm nomes, foram os responsáveis por nos colocarem nesta situação e deixarem chegar ao ponto em que está.
E agora aplica-se o castigo ao tal povo, culpa-se o tal povo, como se o chico-esperto o fosse por gene ou um defeito de nascença, como se o “cabide” fosse cabide se o poder o obrigasse a trabalhar, como se o empresário que foge aos impostos e ainda se evidencia por tal, foge só porque lhe apetece…
Isto só acontece porque os políticos com a responsabilidade de gerir o país, não prepararam, nem construíram uma sociedade que resolvesse os problemas e aí assentava um papel de educação e formação social, é muito difícil sair de uma ditadura com cerca de quarenta anos, e dar uma liberdade “total “, o povo nunca saberá como a utilizar…

Mais tarde, esses mesmos políticos optaram por pertencer a uma união europeia que é encabeçada e funciona mediante os interesses da Alemanha e França, chegando-se ao cúmulo de ter uma responsável política de um país da união, chamar outro responsável político de um outro país "soberano" (ou não), passando a primeira por funcionar como se fosse uma instituição da própria união europeia, e o segundo por um aluno que foi dizer à professora que vai cumprir o que ela entender...que certamente passará por mais castigos ao povo.

Para concluir, o problema do nosso país, não sendo diferente de muitos outros, advêm, na minha humilde opinião, de uma (in)consciência do seu povo, por falta de educação e formação cívica, política e social, cuja responsabilidade direta é do poder político que conduziu o país e que se continuam a alternar, contudo, mantendo o mesmo modelo.
Portugal, como esta Europa, enquanto optarem por políticas liberais, por uma visão do problema na perspetiva conjuntural, não compreendendo que o problema é estrutural, é de modelo, de subserviência do poder político ao económico, de diretórios, de interesses especulativos, não vão resolver nada, vão sim penalizar o povo, as classes baixas e médias, os trabalhadores, os funcionários públicos, os pequenos e médios empresários.

Terá de se pensar, terá de se alterar algo, terá de se colocar a política a comandar a economia, terá de se igualar o peso dos países na União Europeia, não contabilizando apenas os pressupostos económicos para esse efeito, terá de se alterar o modelo de sociedade, terá de se provocar uma rutura, mas quem o pode fazer e voltando ao inicio serão todos aqueles que sentindo-se mal com a sua situação, à semelhança dos jovens acima citados, terão primeiro de estar conscientes e para tal, necessitam de informação e ser formados, para adquirirem essa consciência e depois terão de se movimentar, ir para a rua, demonstrar que a situação está mal, fazer-se ouvir, fazer opções em função dos seus interesses e não em função da retórica ou gravata dos políticos, porque se assim não for...