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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A Esquerda em Portugal

Após os episódios recentes de uma novela que vem evidenciando um gradual desenvolvimento, refiro-me ao comportamento do deputado Manuel Alegre no seio do Partido Socialista, importa realçar, não tanto esse comportamento, pois tal é completamente compreensível, basta ler nos livros "capítulo Socialismo", mas importa sim, observar toda esta movimentação da chamada "esquerda" com renovadores, Manuel Alegre e Bloco de Esquerda.

Esta leitura tem interesse não pelos intervenientes, mas pelos ausentes, ou seja, o PCP.

Se porventura o interesse desta Plataforma é a criação de um espaço de debate, de cidadania, de convergência ideológica, como habilmente Manuel Alegre faz passar, até se compreende, é mais um, e vale o que vale... Mas tenho dúvidas, primeiro porque, tal situação não criaria, em termos práticos qualquer problema ao PS, em segundo lugar, porque não vai ao encontro do tom "ameaçador" de Manuel Alegre e em terceiro lugar, porque está evidente o interesse eleitoral do Bloco de Esquerda.

Vislumbro uma tentativa de criação de uma nova força politica, no panorama politico nacional, para já, porque Manuel Alegre já clarificou a sua posição, caso o PS se aproxime do PSD/CDS nas próximas eleições, também pelo crescendo do BE em termos eleitorais e sua sede de poder e pela posição ou desenquadramento dos renovadores nesse panorama.
Considero que, Manuel Alegre terá alguns seguidores no PS, conhecida que é a ala esquerdista, e tal sucessão de acontecimentos pode criar uma nova dinâmica na politica nacional, pelo menos no enfraquecimento do PS.

Apesar destas meras suposições, e lembrando-me do terceiro maior partido, com toda a sua "logistica" de rua, desensor claro do típico eleitorado de esquerda, com o papel que desempenha no meio sindical, reivindicativo e na defesa dos mais pobres, duvido do sucesso eleitoral desse entendimento à esquerda, sem o PCP.
Desde logo, porque a estrutura "PCP" já faz parte da sociedade, não só em termos eleitorais, enquanto partido politico que se apresenta a eleições, mas porque ultrapassa essa conotação, os eleitores PCP são mais do que meros votantes, existe uma essência que transcende o voto, é já uma forma de estar, daí a força do PCP, que o torna o terceiro partido em Portugal, com um papel relevante na sociedade e demonstrativo de uma esquerda que não se deve ignorar.
Posto isto, também não me parece que, BE, renovadores e Manuel Alegre se revejam na linha PCP para qualquer plataforma de entendimento eleitoral, desde logo, no tocante ao BE é clara a diferença com o PCP em termos ideológicos e forma de estar e de fazer política, relativamente ao renovadores, é óbvio o afastamento, incompreensível seria a aproximação, com Manuel Alegre impossível...

Admito sim acordos pontuais em matérias nacionais, tais como, combate à corrupção, valores de Abril, combate ao imperativo economicista à direita, matérias do foro social/cultural, mas apenas isso.

Qualquer entendimento eleitoral à esquerda que exclua o PCP, do meu ponto de vista não faz qualquer sentido, mas também, se porventura viesse a ser construido, presumo que caíria mais cedo ou mais tarde...

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