Tem-se assistido a opiniões quase que "fundamentalistas" que transmitem a ideia que determinadas opções politicas são incontornáveis e como única possibilidade.
Alega-se novo contexto, fundamenta-se com a crise, com o défice, com anteriores abusos e com muitos direitos anteriormente adquiridos.
Alega-se ainda a falta de dinheiro, a bancarrota da segurança social, a bancarrota dos regimes de protecção.
Esta mensagem torna-se perigosa, desde logo, porque coloca qualquer observador, como um ignorante “rendido” a esta tese.
Tese esta, que muitos não querem admitir, tratar-se sim de bancarrota, mas de bancarrota de um sistema capitalista que provocou o aumento de injustiças sociais e uma visão financeira, uma visão de mercados, uma visão de números, uma máquina ao serviço de interesses especulativos e de economia virtual.
Esta tese é ainda perigosa porque assenta numa opção que não serve à maioria, mas a uma minoria esclarecida, bem instalada e com muito poder, criadora do actual contexto.
Chegados a esta realidade, o patamar seguinte será o patamar da reacção a esta mensagem e a esta ideia de que não há alternativas, de que tem de se cumprir as directivas impostas (internas e externas), de que tem de se poupar, pagar mais e perder direitos...
Nesta reacção há a necessidade de esclarecimento sobre a verdade dos factos e sobre os interesses instalados e não assumidos.
Depois temos o papel a desempenhar pelos movimentos e grupos sociais que têm uma responsabilidade relevante, em virtude da imagem dos partidos políticos, altamente secundarizados, por culpa de constantes maus governos e maus políticos.
Nesse papel, destacam-se as organizações profissionais, de consumidores, de utentes, de utilizadores, entre outros, os quais devem adoptar uma leitura astuta, para combater constantes ataques bem delineados e bem definidos.
Os movimentos espontâneos que agora surgem, deixam dúvidas, dúvidas que assentam na própria espontaneidade e dúvidas que assentam na perigosidade de aproveitamentos de terceiros ou daqueles que amparam o próprio sistema…
Face a esta realidade, julga-se como urgente uma avaliação interna nas estruturas representativas de trabalhadores, de clientes, de consumidores, entre outros, que deverão ajustar o seu funcionamento e actuação às exigências dos contextos, como sendo o único garante da manutenção de direitos e regalias dificilmente adquirido(a)s e susceptíveis de manutenção no presente e futuro.
Estas estruturas não deverão anular a sua história, as suas formas de contestação e de luta, que foram as responsáveis pelas vitórias e pelas conquistas, mas devem sim, promover um debate interno, alargado e lúcido que permita uma adequação e proporcionalidade dos combates futuros ao contexto político, económico e social que configuram pressupostos e características também diferentes do passado.
O que tem de ficar bem claro, é a ideia de que a politica existe para servir as pessoas e que nada é dado como adquirido e que as sociedades são aquilo que os povos, aquilo que as pessoas entenderem como benéfico, apenas falta essa consciência ser alargada e assumida, principalmente por aqueles que desempenham papéis sociais de relevo.
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